quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sobre a vida e o tempo que perdemos com besteiras

Ainda não recuperei o fôlego para voltar a atualizar (mais) este blog, mas hoje me deu vontade de escrever aqui. De 2013 pra cá temos (eu e minha família) vivido períodos bem difíceis no âmbito pessoal/ familiar. Desde fevereiro do ano passado que passamos a conviver com diagnósticos difíceis e perdas importantes de pessoas muito queridas e próximas da gente. E num solavanco de assustar.

Mas o que me fez escrever aqui hoje foi a notícia que o Luiz me deu essa semana. Ele chegou de um dia inteiro de trabalho com um nó imenso na garganta, porque preferiu me poupar e contar pessoalmente. Perdemos uma pessoa muito querida, alto astral, com a qual eu adorava conversar, esposa de um amigo dele do trabalho. Não sabemos muitos detalhes porque foi tudo muito rápido, mas nos parece que foi alguma complicação após o parto da primeira filha deles. 

Até agora ainda não consegui digerir esta perda, e me pego pensando na barra que vai ser começar uma família sem a mãe por perto. Mal comparando, me lembro quando o Theo nasceu com o Luiz longe, na Antártica. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, mas que tinha data e hora pra acabar. E aí eu penso nesse pai que vai ter que criar a filha sem a mãe/ esposa, nesse início de vida de um bebê que é ao mesmo tempo lindo e assustador. E penso com tristeza nos momentos que ela não vai poder acompanhar.

E aí eu me pergunto: o que é a vida? Ou a morte? Nada mais que um sopro. A vida, ou a morte, não quer saber se a gente já aproveitou tudo, se já fez aquele curso ou aquela viagem tão desejada, se a gente já realizou todos os sonhos, se a gente já pediu perdão ou fez as pazes. Ela simplesmente chama e a gente tem que obedecer, não temos direito a "só mais 5 minutinhos". 

Momentos em família: é o que levamos da vida

Então eu penso no tempo que a gente perde com besteiras, com orgulhos bestas, com distâncias que o tempo nunca nos permitirá recuperar. Desde o dia que recebi a notícia da passagem da Cris, passei a olhar o Theo com outros olhos. Com olhos de quem quer aproveitar cada segundo ao seu lado, abraçar e beijar o tempo todo, acompanhar seu desenvolvimento, seu crescimento, suas descobertas, suas vitórias e suas decepções. 

Quero ser MÃE, e poder fazer jus à bênção que me foi dada, e aproveitar ao máximo enquanto Deus me permitir. Porque é um presente poder exercer a maternidade. E nesse "meio tempo", também procuro ser uma boa filha, pois acredito que só uma boa filha consegue ser uma boa mãe, porque é com ela, com a nossa mãe, que a gente aprende a viver, a errar e a acertar, e o que uma mãe de verdade quer é sempre poder estar junto do seu filho, mesmo que não esteja perto fisicamente. Uma mãe de verdade sempre estará ao lado do filho, mesmo que não concorde com ele em 100% do tempo. Mãe entende filho, e um filho aprende a entender a mãe com o tempo e a sabedoria que vai adquirindo na vida.

Amor puro
Então eu termino esse post, engasgada, com uma mensagem atribuída a Drummond que fala sobre a efemeridade da vida. A vida é um sopro, é um piscar de olhos, a vida é hoje, é agora. Vamos vivê-la e aproveitar cada segundo que temos. Viaje, sonhe, realize, mate a saudade, pegue o telefone, peça perdão... aja! Porque daqui a um segundo já pode ser tarde demais - e infelizmente ainda não descobriram a cura contra o remorso.


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Todo dia é menos um dia
Todo dia é menos um dia;
menos um dia para ser feliz;
é menos um dia para dar e receber;
é menos um dia para amar e ser amado;
é menos um dia para ouvir e, principalmente, calar!
Sim, porque calando nem sempre quer dizer que concordamos com o que ouvimos ou lemos, mas estamos dando a outrem a chance de pensar, refletir, saber o que falou ou escreveu.
Saber ouvir é um raro dom, reconheçamos.
Mas saber calar, mais raro ainda.
E como humanos estamos sujeitos a errar.
E nosso erro mais primário é não saber ouvir e calar!
Todo dia é menos um dia para dar um sorriso.
Muitas vezes alguém precisa apenas de um sorriso para sentir um pouco de felicidade!
Todo dia é menos um dia para dizer:
– Desculpe, eu errei!
Para dizer:
– Perdoe-me por favor, fui injusto!
Todo dia é menos um dia para voltarmos sobre os nossos passos.
De repente descobrimos que estamos muito longe e já não há mais como encontrar onde pisamos quando íamos.
Já não conseguiremos distinguir nossos passos de tantos outros que vieram depois dos nossos.
E se esse dia chega, por mais que voltemos, estaremos seguindo um caminho que jamais nos trará ao ponto de partida.
Por isso use cada dia com sabedoria.
Ouça e cale se não se sentir bem.
Leia e deixe de lado, outra hora você vai conseguir interpretar melhor e saber o que quis ser dito.
(Carlos Drummond de Andrade)
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