Este post estava engavetado há meses, entalado na garganta, e depois de ler o desabafo da
Nayara, mãe do João, resolvi retomar o texto e fazer o meu desabafo também.
Quando estava grávida, sempre me perguntei se conseguiria amamentar o Theo. Ficava pensando, imaginando, torcendo...
Minha avó materna e minha mãe só conseguiram por 15 dias, e eu queria que fosse diferente comigo. De certa forma foi, consegui amamentar o Theo até os 3 meses, mas sempre com o complemento, desde os 4 dias de vida.
Senti muito quando ele largou o peito, claro, mas foi tudo muito natural, aos poucos. Meu peito chegava a vazar, mas para o Theo não interessava mais e eu parei de insistir. E foi aí que eu comecei a perceber o preconceito contra quem dá mamadeira, algo totalmente novo e absurdo pra mim.
Sinceramente, eu tenho pena da próxima pessoa que me perguntar alguma coisa sobre "peito", porque eu tô a ponto de explodir. Estou de saco cheio de tanto julgamento e tanta hipocrisia.
As pessoas, reforçadas pelos meios de comunicação, fantasiam muito o ato de amamentar. Ninguém te explica que vai doer pra cacete nos primeiros 15 dias, que seu peito vai cair, que você tinha que preparar o bico, que tinha que tomar isso ou aquilo pra ajudar na produção de leite. Tudo é lindo e cor de rosa no mundo da imaginação, mas na hora do "vamo vê" o bicho pega, e a maioria não está preparada pra isso. Não mesmo. Porque não é simplesmente enfiar a boca do bebê na aréola do peito.
Mas voltando ao preconceito...
Outro dia estava no consultório do pediatra do Theo e uma senhora, ao ver o Lu dando mamadeira pro Theo, me perguntou se ele tinha mamado no peito. Eu respondi que sim, até os 3 meses. Aí ela disse: "que pena". Só eu sei como eu me segurei pra não responder, porque meu sangue ferveu.
Ora bolas, pena de que? Pena de quem? Pena é ver seu filho chorando de fome, isso sim dá pena.O Theo mama leite artificial sim e tem saúde pra dar e vender. Eu já fiquei gripada umas 4 vezes esse ano e ele nunca pegou nada. Nunca teve nada além de uma coriza. Connheço muita criança que mamou exclusivamente leite materno e vive doente, ao contrário do que pregam. Não existem regras.
E o tal do vínculo? Gente, pelamordedeus, como podemos associar o vínculo entre mãe e filho ao tipo de leite que ele mama ou ao bico de onde ele sai? Se fosse assim, eu e minha mãe seríamos desgarradas, o que não é o caso. MESMO.
E as mães adotivas? Estariam elas condenadas a não ter vínculo só porque não amamentaram seus filhos do coração? É preciso rever conceitos.
Mamadeira pode ser dada com o mesmo amor que o peito. Não estou fazendo "apologia" ao uso da mamadeira ou condenando a amamentação, mas o que não pode acontecer são os julgamentos e a hipocrisia. Não sabemos o que passa com a "família alheia".
E que mãe que amamenta nunca desejou dar uma mamadeirinha pra ver seu filho dormir melhor à noite? E que mãe que dá mamadeira nunca desejou ter o filho grudado no seu peito mais uma vez?
Gostaria muito de ter amamentado o Theo por mais tempo, mas também tirei muitas vantagens da mamadeira, inclusive a de poder compartilhar com o Lu, minha mãe e minha avó a alimentação do Theo. Porque com o bebê mamando no peito esse momento é só da mãe, o que também não é um problema.
Mas uma vez uma amiga minha me disse que nem mamadeira deixava o marido dar, que esse era o momento dela com a filha. Poxa, mas o marido também não tem direito a esse momento? Achei egoísmo.
Outra coisa é a livre demanda. Sou totalmente contra. Acho que a criança tem que ter rotina e disciplina desde cedo, e com o peito muitas mães se sentem desencorajadas de tentar (pelo menos é o que eu vejo por aí). Não acho bacana o filho pendurado no peito da mãe até 20 anos. Isso não é bom pra nenhum dos dois, e isso pra mim nem é amamentar.
Também não acho que peito de mulher que amamenta é de domínio público. Acho muito feio e desnecessário deixar o peito à mostra, compartilhar com o shopping o mamá do seu filho. Amamentar é um ato tão lindo, um momento tão íntimo da mãe e do bebê, custa cobrir o seio com um paninho? Sei não...
E os tipos de parto... nossa, esse assunto também dá o que falar. Vejo coisas na internet dizendo que natural é o parto normal, que cesárea é um absurdo. Conheço pessoas que condenam a cesárea, dizem ter pânico de cirurgia. Tudo bem, cada um na sua. Desejei muito ter parto normal, só que o Theo não encaixou, e minha cesárea foi maravilhosa. De que adianta forçar a barra por um tipo de parto e oferecer risco à mãe e ao bebê? O melhor parto é aquele em que mãe e bebê ficam bem, e acho que não tem que ter discussão.
Que fique claro que esse post não é pessoal e nem direcionado, é apenas a minha opinião e o meu desabafo.